sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Filhos, amor e limites


Como estamos educando nossos filhos? É na infância que se estabelecem os processos psíquicos que irão nos acompanhar pelo resto da vida. Atualmente, parece estar havendo uma grave inversão de valores: os pais passaram a ter mais medo de perder o amor dos filhos do que os filhos o dos pais. Como o pavor de perder o afeto e a admiração dos pais sempre foi o grande incentivo para as crianças aprenderem a se comportar de acordo com os padrões do seu meio cultural, hoje a maior parte dos adultos se vê sem meios para educar e agir com firmeza. E por que isso está acontecendo? Talvez pela culpa inconsciente dos pais, que se tornaram menos presentes na educação dos filhos, pela corrida ao mercado de trabalho, não só do pai, mas também da mãe. E por medo de perderem a estima dos filhos, muitos pais hesitam em impor-lhes limites.

Essa situação pode ser muito agradável para as crianças, mas só em curto prazo. Elas não têm que enfrentar muitas situações de frustração – aliás, é incrível como se confunde 'frustrar' com 'traumatizar' –, e o que acaba acontecendo? Tornam-se absolutamente despreparadas para lidar com esse tipo de dor psíquica.

Sabemos que a vida contém uma boa dose de frustrações; os que crescem despreparados para absorver esse sofrimento serão os mais fracos. Terão de fugir de situações novas e de desafios, pois nunca se sabe quando haverá o sucesso e quando o fracasso. Não terão docilidade para enfrentar suas amarguras: serão pessoas que gritam e esperneiam de tudo o que as desagrada. Terão que agir como tiranos, tentando sempre dobrar a realidade à sua vontade. Tentarão controlar tudo, inclusive as pessoas com as quais convivem e das quais dependem.

Além disso, a pouca firmeza e falta de autoridade dos pais fazem a criança sentir-se insegura e desamparada. Perceber que existem limites, que os adultos sabem o que é bom para ela, deixa-a com a sensação de proteção. Muitas vezes a criança comete deliberadamente um ato absurdo apenas para se certificar de que existem represálias e, portanto, que há adultos fortes e firmes nos quais ela pode confiar e se sentir, através dessa reação, aconchegada.

Se for tão óbvio o prejuízo de uma educação desse tipo, por que, então, tantos pais preferem não frustrar seus filhos, tornando-se permissivos para com pequenos e grandes caprichos? As razões são várias, mas vou apontar apenas uma, que ganhou importância nos últimos 15 anos. Ela está ligada ao risco do divórcio.

Hoje, ao contrário do que acontecia até faz poucas décadas, as pessoas já se casam pensando na hipótese de um dia virem a se separar. Isso faz com que sintam uma enorme necessidade de ser uma mãe – ou um pai – muito especial, para que as crianças o prefiram na hipótese da separação. E faz também os pais se ligarem mais intensamente aos filhos do que ao cônjuge, pois esse tipo de vínculo parece mais sólido e estável.

A maior parte dos casais disputa e rivaliza entre si. Ser o preferido dos filhos passou a ser um novo item nessa competição tola que existe entre os sexos. Como costuma ocorrer quando emoções negativas se tornam mais importantes que reflexões ponderadas, a vontade de vencer a disputa se torna mais significativa do que educar os filhos com propriedade, preparando-os para a vida que terão de enfrentar. E são esses casais os que acabam se divorciando; nesse caso, então, se o preferido dos filhos é a suprema vitória; é um tipo de humilhação e vingança contra o ex-cônjuge.

Com a atual instabilidade dos casamentos, podemos aprender coisas importantíssimas sobre a situação emocional dos adultos. A principal delas é que a forma como vivenciamos nossos elos amorosos é totalmente imatura, infantil. Do ponto de vista sentimental, a maioria de nós reage exatamente como as crianças, como os nossos filhos. Não lhes impomos coisas porque tememos pôr em risco nossa relação com eles; eles poderiam não nos amar do mesmo modo que antes! Sem estabilidade conjugal, sem poder confiar no amor do marido, ou da mulher, acaba-se por garantir o amor dos filhos paparicando e sendo escravos dos mesmos. Acreditamos que eles não nos abandonarão – pelo menos não em curto prazo.

O Racionalismo Cristão ensina que os filhos são espíritos que nos foram confiados para que os eduquemos a fim de que eles façam sua evolução espiritual. Luiz de Mattos dizia que a educação começa no berço. Alguns espíritos mostram as más tendências desde crianças. E é necessário que os pais lhes tracem limites para que possam ajudá-los a vencer a si próprios.

Portanto, não tenham medo de perder o amor de seus filhos. Mas, preocupem-se sim em serem pais que despertarão a admiração de seus filhos, por seus exemplos e valores.

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

EDUCAÇÃO E TRABALHO DIANTE DA PERSPECTIVA NEOLIBERAL

EDUCAÇÃO E TRABALHO DIANTE DA PERSPECTIVA NEOLIBERAL


Paradoxalmente, tem sido observado que as alterações da organização do trabalho, resultantes, em grande parte dos avanços tecnológicos, solicita da escola um trabalhador mais qualificado para as demandas de novas funções no processo de produção e de serviços. Não obstante, vivemos numa sociedade fragmentada, onde a família brasileira passa por uma crise de identidade, no que tange à sua formação moral e ética, visto que os valores sociais parecem se dissipar diante da violência social. Percebemos, portanto, a necessidade de se formar o cidadão, não somente para o trabalho, como é a filosofia neoliberal, mas formar esse cidadão também numa perspectiva humanista, tendo como base os valores éticos e morais. Nesse sentido, defendemos uma educação plural, que atenda não somente o mercado, mas que contemple a unidade da família, tendo como pressuposto a formação integral do ser humano.

Nessa dialógica, entre educação e trabalho, Arroyo (1999, p. 138–164), coloca que os vínculos entre trabalho-educação tem sido tão debatidos nos últimos tempos, que pesquisas realizadas pelo GT (Grupo de Trabalho) da ANPED, tem levado a refletir sobre a formação dos professores e currículos, frente às transformações no mundo do trabalho, às novas tecnologias, às formas de organização, gestão e racionalização da produção frente aos custos sociais que essas transformações acarretam para os trabalhadores, desta forma, o autor sugere a urgência e a necessidade do diálogo entre profissionais de áreas diversas sobre o fenômeno educativo mais global e especificamente sobre a construção social da concepção e prática da educação. Neste sentido, dar centralidade, efetivamente, à pesquisa e à reflexão teórica no campo da educação, trazendo nossa contribuição teórica para a compreensão da educação a partir de seus estreitos vínculos com o trabalho.

Desta forma, pensamos num ideal de educação voltada para o trabalho, educação, humanização e emancipação de forma democrática, onde o saber, a cultura e o conhecimento possam conduzir a criança, jovem ou adulto a aprender os significados sociais e culturais, dotados de capacidade de integração e participação no mundo do trabalho de forma consciente e não alienada.
Para tanto, defendemos um currículo aberto e flexível, contrapondo o modelo taylorista, que escraviza e induz o sujeito à condição de máquina, que não pensa e somente produz. Para evitar a supremacia capitalista é necessária uma revolução cultural e, que o processo de mudança comece a partir das políticas públicas, que permita ao professor uma nova postura perante os educandos, pensando um currículo transdisciplinar que contemple uma formação humanista, com base nos valores morais, éticos, filosóficos e culturais, mais também uma formação voltada para o trabalho, estruturada no processo social global.

No inciso 2º do Art. 1º, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, diz o seguinte: “a educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e da prática social”. Entretanto, o que vemos é uma educação excludente, tão somente tecnicista, com uma educação básica seletiva que forma não apenas para o trabalho, mas para o desemprego.

Nesse processo, outro aspecto de importante relevância é a formação do professor, que é o elo entre os interesses do sistema neoliberal e a necessidade social. Nesta concepção, o capitalismo, que visa à acumulação de bens, propõe a formação do professor voltada para a reestruturação produtiva, pela busca da qualidade e da competitividade e pelas transformações do mundo do trabalho. Assim, o grande desafio é tentar relativizar, no sentido de formar o professor, não para “dar aula” atendendo apenas o interesse da classe dominante, mas para inferir no processo de ensino-aprendizagem, contribuindo, sobretudo, com a formação do sujeito integral, que saiba pensar e agir de forma crítica, visando transformar a sua realidade social.

CAPITALISMO: A FAMÍLIA NO LIMBO DA EDUCAÇÃO

CAPITALISMO: A FAMÍLIA NO LIMBO DA EDUCAÇÃO


A educação brasileira passa por uma grave crise de identidade, a qual se perdeu com o avanço do sistema neoliberal, visto que o sistema, além de contribuir com a fragmentação da família, no sentido de afastar os pais do convívio diário com os filhos, em função do consumismo, o processo neoliberal pressupõe uma sociedade de analfabetos funcionais, pois defende, sobretudo, a formação do sujeito voltada apenas para atender as necessidades de mercado. Mas que estratégias o sistema tem usado para envolver a sociedade em defesa do consumismo exacerbado? A grande ferramenta utilizada pelo sistema tem sido a mídia, que, por via de regra, é alimentada pelo capital. Esta, no entanto, tem utilizado o que chamamos na educação, de currículo oculto, pois, determinam as tendências de moda, estilo, perfil, conduta, alimentação, comportamento, enfim, abusam da capacidade de discernimento e alienação da sociedade, em defesa da própria sobrevivência.

Neste sentido, chamamos a atenção dos pais na perspectiva de observar a grande importância da afetividade. Pois, o jovem está invólucro no limbo dessa aldeia global que dilacera a célula familiar, sem considerar ou relativizar a cultura e os valores sociais. Observamos, entretanto, que os pais devem dedicar parte de seu tempo para conversar com seus filhos, perguntar sobre suas amizades, paqueras, incentivar para as atividades esportivas, leituras, observar o comportamento, como por exemplo, se está ficando em quarto escuro e isolado, acompanhar o desempenho na escola e, sobretudo, falar de suas experiências vividas, enfim, demonstrar ao filho o real valor de viver, que é a busca da felicidade sem negar o mesmo direito ao “outro”.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Bem vindo ao Blog Educação Século 21

Neste blog você terá acesso a artigos, ensaios, crônicas, resenhas e outras produções científicas pertinentes à Educação.