terça-feira, 30 de dezembro de 2008

EDUCAÇÃO E TRABALHO DIANTE DA PERSPECTIVA NEOLIBERAL

EDUCAÇÃO E TRABALHO DIANTE DA PERSPECTIVA NEOLIBERAL


Paradoxalmente, tem sido observado que as alterações da organização do trabalho, resultantes, em grande parte dos avanços tecnológicos, solicita da escola um trabalhador mais qualificado para as demandas de novas funções no processo de produção e de serviços. Não obstante, vivemos numa sociedade fragmentada, onde a família brasileira passa por uma crise de identidade, no que tange à sua formação moral e ética, visto que os valores sociais parecem se dissipar diante da violência social. Percebemos, portanto, a necessidade de se formar o cidadão, não somente para o trabalho, como é a filosofia neoliberal, mas formar esse cidadão também numa perspectiva humanista, tendo como base os valores éticos e morais. Nesse sentido, defendemos uma educação plural, que atenda não somente o mercado, mas que contemple a unidade da família, tendo como pressuposto a formação integral do ser humano.

Nessa dialógica, entre educação e trabalho, Arroyo (1999, p. 138–164), coloca que os vínculos entre trabalho-educação tem sido tão debatidos nos últimos tempos, que pesquisas realizadas pelo GT (Grupo de Trabalho) da ANPED, tem levado a refletir sobre a formação dos professores e currículos, frente às transformações no mundo do trabalho, às novas tecnologias, às formas de organização, gestão e racionalização da produção frente aos custos sociais que essas transformações acarretam para os trabalhadores, desta forma, o autor sugere a urgência e a necessidade do diálogo entre profissionais de áreas diversas sobre o fenômeno educativo mais global e especificamente sobre a construção social da concepção e prática da educação. Neste sentido, dar centralidade, efetivamente, à pesquisa e à reflexão teórica no campo da educação, trazendo nossa contribuição teórica para a compreensão da educação a partir de seus estreitos vínculos com o trabalho.

Desta forma, pensamos num ideal de educação voltada para o trabalho, educação, humanização e emancipação de forma democrática, onde o saber, a cultura e o conhecimento possam conduzir a criança, jovem ou adulto a aprender os significados sociais e culturais, dotados de capacidade de integração e participação no mundo do trabalho de forma consciente e não alienada.
Para tanto, defendemos um currículo aberto e flexível, contrapondo o modelo taylorista, que escraviza e induz o sujeito à condição de máquina, que não pensa e somente produz. Para evitar a supremacia capitalista é necessária uma revolução cultural e, que o processo de mudança comece a partir das políticas públicas, que permita ao professor uma nova postura perante os educandos, pensando um currículo transdisciplinar que contemple uma formação humanista, com base nos valores morais, éticos, filosóficos e culturais, mais também uma formação voltada para o trabalho, estruturada no processo social global.

No inciso 2º do Art. 1º, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, diz o seguinte: “a educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e da prática social”. Entretanto, o que vemos é uma educação excludente, tão somente tecnicista, com uma educação básica seletiva que forma não apenas para o trabalho, mas para o desemprego.

Nesse processo, outro aspecto de importante relevância é a formação do professor, que é o elo entre os interesses do sistema neoliberal e a necessidade social. Nesta concepção, o capitalismo, que visa à acumulação de bens, propõe a formação do professor voltada para a reestruturação produtiva, pela busca da qualidade e da competitividade e pelas transformações do mundo do trabalho. Assim, o grande desafio é tentar relativizar, no sentido de formar o professor, não para “dar aula” atendendo apenas o interesse da classe dominante, mas para inferir no processo de ensino-aprendizagem, contribuindo, sobretudo, com a formação do sujeito integral, que saiba pensar e agir de forma crítica, visando transformar a sua realidade social.

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